quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Quem sou eu?



Quem sou eu? Eu não sei. Simples assim.
Resposta pronta e sem muitos rodeios.
E você sabe quem é você? Uma resposta tola e vazia de verdade não me deixaria satisfeita.

Na incessante busca por saber quem sou eu, perdi quilômetros de paisagens belíssimas. Já perdi noites querendo encontrar um limiar para a resposta que me escapa sempre pelos dedos. A pergunta em si traz uma limitação instantânea, conformadora. Se sei o que sou, minha existência seria um resumido repeteco de situações tediosas.

Porém, tal resposta tem seus espinhos pois a necessidade de uma resposta pronta e prática apresenta-se no nosso mundo corporativo, como numa entrevista de emprego em que perguntam quem é você. Será que em cinco minutos cabe a definição de um ser?

De outra forma, a importância de tal diretriz define os nossos objetivos e planos de ação para alcançá-los. Se não sabemos o que queremos, e isso parte da definição do que somos, não sabemos onde queremos chegar, e logo, qualquer lugar satisfaz. QUALQUER LUGAR.

E para não escapar tanto da ciranda proposta, darei três eixos que julgo importantes do ponto de vista metódico:

1.Sou um ser humano. O óbvio aqui não é sê-lo e sim compreender o que representa essa humanidade que carrego comigo. Será que tal característica é intrínseca a minha condição humana? Ou será construída socialmente?

2.Sou uma mulher. A caracterização biológica, a orientação sexual e a alocação de gênero entram na soma feminina nas mais diversas formas do estado de SER mulher.

3.Sou pobre. E será que é tão difícil assumir? Esta pobreza ideológica assume uma condição de reconhecimento na localização estrutural de uma sociedade pautada por valorações pecuniárias e consumistas que ensejam todo um mecanismo capitalista de dominação do indivíduo e, portanto, de adestramento de massas. Saber localizar-se dentro dela é fundamental para uma compreensão macrossocial para, quem sabe assim, escapar de suas amarras.
O porquê da escolha apenas desses eixos deixo a você, amigo leitor. Isso também faz parte da minha identidade.

Por fim, fico com as palavras de Michel Certeau "A identidade imobiliza o gesto de pensar, prestando homenagem a uma ordem. Pensar, pelo contrário, é passar; é questionar essa ordem, surpreender-se pelo fato de sua presença aí, indagar-se sobre o que tornou possível essa situação, procurar – ao percorrer suas paisagens – os vestígios dos movimentos que a formaram, além de descobrir nessas histórias, supostamente jacentes, ‘o modo como e até onde seria possível pensar diferentemente’"

Não quero chegar a uma conclusão fechada da minha identidade. Quero construí-la. Destruí-la. Remendá-la. Completá-la. Alimentá-la. Sacudi-la. E é neste mar de ondas abertas que pretendo continuar contribuindo para o Bipolares S.A. Afinal de contas, bipolar que é bipolar não pode estar sempre do mesmo modo. A sua essência é a mudança.

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