domingo, 23 de outubro de 2011

Desigualdade de Gênero

Olá, Pessoal!
Depois de algumas semanas longe, estamos de volta! O tema, escolhido pela Rayane é violência contra a mulher. Não vou entrar na questão da Lei Maria da Penha em si, pois pensei em expor minha opinião sobre os motivos dessa desigualdade existir até os dias de hoje e sobre necessidade de existirem leis a esse respeito.

A desigualdade de gênero pode ser observada desde a mais primitiva sociedade. A mulher sempre teve menor influência dentro dos grupos, e sua imagem esteve ligada à do companheiro por muitos séculos. Dessa diferenciação constante, surgiu um comportamento violento por parte do homem, sempre relacionado a uma visão social de submissão, surgida não se sabe onde nem porquê, mas que perdura até os dias de hoje, em alguns países mais e em outros, menos.
Quando assistimos à algum desenho animado que retrata a Idade da Pedra, raras as vezes em que não nos deparamos com uma cena que para alguns é inocente, mas para mim e vários outros, é completamente absurda, se pararmos para analisar um pouco: um homem forte, carregando em uma das mãos um bastão de madeira, e na outra os cabelos de sua companheira, que é por ele arrastada no chão, se debatendo em pedras e arbustos. Mais que uma demonstração da submissão feminina à época, essa cena representa o poder que o marido tinha sobre sua esposa, tratada como escrava e sem respeito e autoridade alguma no ambiente doméstico e perante a sociedade. Esse pensamento não se extinguiu com o fim da Pré-História, apenas se adaptou aos novos mecanismos sociais e aos períodos da história da humanidade.
O pensamento político e religioso tiveram grande influência para essa segregação, e pela sua maior incidência em alguns países do mundo. Desde quando se conhece a religião islâmica, por exemplo, se tem notícia de que em países de Oriente Médio, o papel do homem tem muito mais valor que o da mulher. Durante milênios as crianças cresceram ouvindo pais, professores, colegas, líderes comunitários, políticos e religiosos enfatizando o papel de submissão, dependência e passividade da figura feminina dentro do grupo social.
A religião Católica, séculos mais tarde, colocou a figura feminina em outro patamar, dando extremo valor à figura maternal da Virgem Maria. Porém, sua contribuição esbarrou justamente nessa ênfase à mulher virgem,  fator responsável por inúmeras mortes, indiferença e violência psicológica generalizada contra a mulher que não se apresentasse dessa forma ao marido no momento do casamento.
Depois surgiu o Protestantismo, que tomou um rumo interessante em nosso país, onde, em algumas congregações eram impostos trajes diferenciados para as mulheres, compostos por longas saias abaixo dos joelhos.
Esse pensamento de desigualdade ainda é gritante em alguns países, apesar de todos os tratados de direitos humanos e o maior destaque ao Estado Democrático de Direito, que vem influenciando as legislações de diversos países do mundo. Poderíamos citar vários outros exemplos que podem ser observados em relação à influência de líderes religiosos em relação a esse tipo de desigualdade, em um ambiente que deveria difundir o amor ao próximo e o respeito à entidade familiar.
Infelizmente, não foi só na Igreja que a discriminação contra a mulher chegou a níveis que influenciaram a violência que um dia chegaria às telas de televisão, às páginas dos jornais e às manifestações contra a falsa e injusta autoridade masculina.
Com o passar do tempo, movimentos feministas eclodiram, movidos pela enorme vontade de mudança que as mulheres buscavam. No início do século XX surgiram protestos em vários países, onde as donas-de-casa, trabalhadoras, mães, esposas, filhas, e avós, foram às ruas protestar contra a limitação do voto feminino, às péssimas condições de trabalho e aos baixos salários. Cenas trágicas em relação à luta feminina por direitos iguais aos dos homens ainda comovem muitos, como o episódio do  incêndio ocorrido na fábrica de Triangle Shirtwaist,  em Nova York, onde 146 pessoas perderam suas vidas por conta da baixa segurança do prédio onde trabalhavam. Outros protestos simbólicos ficaram guardados na memória das pessoas, como a famosa "Queima dos Sutiãs", realizada em 1968, nos Estados Unidos, em protesto ao concurso de Miss América, visto pelas mulheres como uma forma de controle por meio da imposição de beleza pela sociedade americana da época. Com essas e outras, mulheres começavam a mostrar sua capacidade, impor respeito e a se orgulharem de sua luta.
O homem, incomodado pela autonomia de sua companheira, que apesar de receber um menor salário injustamente em boa parte das empresas, cumpre corretamente sua escala de trabalho, ocupa mais cadeiras no Ensino Superior, é lider do Poder Executivo Federal em alguns países atualmente, controla suas próprias finanças e em alguns casos, até sustenta o marido e os filhos sozinha, começou a usar de sua força física para intimidá-la. Mutilações, lares despedaçados, humilhações e mortes agora estavam ligadas à busca da mulher pela liberdade. As legislações deixaram de tratar a mulher como um objeto do marido e assegurou muitos direitos especiais, mas a visão da sociedade continuava muito masculinizada.
Projetos sociais, pesquisas em universidades, programas governamentais e campanhas publicitárias surgiram para debater esse assunto de extrema relevância política e social. Atualmente, em alguns países, como o Brasil, se busca por meio do respeito à lei (já que não foi possível por meio da própria consciência) assegurar direitos iguais às mulheres e prevenir e punir crimes contra sua dignidade.
É fato que o baixo número de denúncias e a investigação deficitária, bem como o baixo controle das medidas preventivas a novas agressões, têm frustrado a correta aplicação da Lei Maria da Penha em nosso país, no entanto, a existência de previsão legal com o intuito de prevenir crimes contra a mulher e punir quem os comete, já é um avanço significativo, alcançado pela luta feminina em nosso país.
O próximo passo é a efetiva aplicação da lei a casos de violência doméstica, familiar, no trabalho e em todos os demais ramos da sociedade. Cabe a todos nós, como cidadãos, exigir do poder público medidas efetivas que reafirmem a necessidade do respeito à legislação em vigência sobre esse assunto, a devida limitação de liberdade dos agressores e uma correta medida de afastamento destes perante às vítimas,  para que casos de tortura física e psicológica e assassinatos sejam evitados, e para que as mulheres sejam, de fato, respeitadas em sua integridade e não sofram mais nenhum tipo de diferenciação dentro da sociedade, uma vez que são elas as responsáveis pelo desenvolvimento mundial, pelas grandes pesquisas tecnológicas, pela humanização da medicina e dos tribunais, e pela educação de nossas crianças. São elas que usam de todo o seu amor incondicional  para fazer desse mundo um lugar mais bonito dese viver!
São elas que, ao longo da semana continuarão esse debate em busca do respeito e igualdade de condições entre os gêneros, não é Rayane, Bárbara e Elis?

Forte abraço!

2 comentários:

  1. Luu, que texto MARAVILHOSO! Meus parabéns por cada dia estar se aperfeiçoando mais e mais!!

    Realmente as mulheres são desvalorizadas injustamente e pouquíssimos são os homens que reconhecem a bobagem dessa recriminação...

    =D

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  2. Que orgulho de você Luis!

    Gostei muito do texto, da pesquisa, da contextualização, da costura e da visão empreendida por um homem sobre o tema. São raras as vezes em que esse tema não gera um conflito individualista ou até mesmo insignificante. Parabéns pelo texto! Deve ter dado um trabalhão, mas com todas as honras, você merece.

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